Editorial
Prioridade, planejamento e execução
Educação é prioridade. As escolas devem ter a melhor estrutura possível. Os professores precisam ser valorizados para que tenham condições e tranquilidade para educar. A merenda deve ser farta e de qualidade porque aluno de barriga vazia não consegue se concentrar para aprender.
Talvez não exatamente com estas palavras, mas o leitor certamente já ouviu este tipo de discurso. Incontáveis vezes. Dos mais variados candidatos e políticos, sejam eles em esfera municipal, estadual ou federal. É assim que costumam se manifestar os concorrentes a cargos públicos a cada campanha eleitoral. Contudo, a julgar pelo que se vê na maioria das escolas públicas, é fácil perceber que historicamente isso não tem passado de conversa para conquistar votos, visto que o padrão de um educandário mantido pelo poder público é, infelizmente, muito abaixo do necessário. E extremamente distante daquele projetado nas promessas. A quem eventualmente não conheça a realidade de uma escola dessas, vale dedicar um dia a visitar algumas. Encontrará bons exemplos, é claro. Mas serão a minoria.
Para além de problemas que talvez exijam mais tempo - como grandes reformas estruturais -, surpreende que questões básicas e absolutamente possíveis de planejamento continuem sendo pedras no sapato de estudantes e profissionais da educação. Um exemplo claro disso é o mostrado em reportagem de Helena Schuster e Carlos Queiroz na edição de sexta-feira do DP. Maior escola estadual de Pelotas - e, portanto, uma das principais de toda a Zona Sul -, o Instituto de Educação Assis Brasil não tem merendeiras. Atualmente, para que os alunos tenham acesso a lanche nos intervalos das aulas, professoras e outras funcionárias, na hora de fazer a comida, recebem o apoio de mães de jovens matriculados. Ou seja: não faltam alimentos nos armários e geladeiras. Faltam pessoas para fazer a merenda, uma tarefa básica, essencial em qualquer instituição. Mas surpreendentemente não resolvida pelo governo do Estado antes do início do ano letivo. Aliás, segundo os relatos da comunidade escolar, desde 2022 que o problema se arrasta.
A quem possa considerar algo menor, é preciso citar, ainda, que o mesmo Assis Brasil - como outras escolas - tem problemas na limpeza, que por vezes também depende do esforço e desvio de função de professores e outros servidores. A fachada precisando de pintura e ambientes internos com nítida necessidade de reformas também saltam aos olhos. Isso, vale reforçar, em uma das principais escolas estaduais da região. Aquela, inclusive, em que o atual governador do Estado vota a cada dois anos.
O Instituto Assis Brasil é um exemplo da resistência de quem educa e das famílias que dependem da rede pública para o futuro dos filhos. Só que isso não pode ser romantizado. Esta e todas as escolas precisam serem levadas verdadeiramente a sério. Não só no discurso.
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